A Ruína da Moldura

  Através de gestos viscerais, o curta explora a desconstrução da imagem idealizada, refletindo sobre a pressão estética imposta à mulher.
  Em um processo experimental e brutal, uma mulher se maquia utilizando objetos de pintura e faca, como se cada movimento de
  transformação fosse uma tentativa de controlar a matéria que lhe foi dada, moldando-a para se encaixar em padrões que não lhe
  pertencem. Cada pincelada, cada corte, são marcas de uma luta constante entre o que se espera e o perfeito. A maquiagem se transforma
  em um processo tortuoso, onde o rosto se dissolve e se reconstrói, até surgir uma versão final, imaculada. Essa imagem perfeita, porém,
  não é libertadora; é uma moldura vazia, uma máscara que oculta a dor do se conformar. O sorriso que surge nesta versão final é falso,
  um disfarce que esconde a ruína interna causada pela busca incessante pela perfeição.

  “A Ruína da Moldura” é uma reflexão crua e direta sobre a relação entre o corpo, a identidade e as expectativas externas. É um convite a
  olhar para o desgaste invisível, a erosão silenciosa que ocorre quando o ser se dobra para se encaixar em moldes que não foram feitos para
  ele. A moldura que deveria embelezar, ao final, se revela um cárcere, e o que deveria ser uma imagem de perfeição, não passa de uma ruína.

  Curta-metragem idealizado, produzido, dirigido e protagonizado por: Marcella Telles.